terça-feira, 14 de julho de 2015

Espiritualidade x Religião

Hoje, vou falar sobre um assunto muito simples para mim, mas que às vezes me deixa em uma “saia justa”, por não ser entendido por outras pessoas: religião e espiritualidade.

A maioria das vezes em que eu resolvi ser honesta e dizer que não tenho religião – até mesmo em entrevista de emprego (sim, ainda insistem em questionar isso em entrevistas de emprego!), as pessoas me olharam como se eu fosse ateia e já afirmaram até mesmo, sem me perguntar, que eu não era Cristã.

Algumas vezes me olharam com pena, com misericórdia, como se estivessem pensando “ela é jovem, ainda vai encontrar a luz!”, (risos).

Primeiramente, vamos aos conceitos: ateu é aquele que não acredita em Deus, agnóstico é aquele que alega impossibilidade de provar ou não a existência de Deus e Cristão é simplesmente, aquele que acredita em Jesus Cristo e professa os ensinamentos dele (e não o Catolicismo, como muitos pensam). Dessa forma, é possível não seguir nenhuma religião e ser Cristão.

Além disso, nunca é demais lembrar que: Jesus não era cristão, Buda não era budista e Maomé não era muçulmano. Todos eram revolucionários e belos professores.

A religião é um conjunto de crenças e rituais, que a princípio, foi criada para servir como um meio de expressar a espiritualidade. Já a espiritualidade, é a qualidade de ser espiritual, ou seja, acreditar e contemplar o mundo espiritual.
Um texto do Frei Beto explica bem as diferenças entre espiritualidade e religião, e justifica bem a minha escolha pela espiritualidade:

“Em geral, a religião se apresenta como um catálogo de regras, crenças e proibições, enquanto a espiritualidade é livre e criativa. Na religião, predomina a voz exterior, da autoridade religiosa. Na espiritualidade, a voz interior, o ‘toque’ divino.
A religião é uma instituição; a espiritualidade, uma vivência. Na religião há disputa de poder, hierarquia, excomunhões e acusações de heresia. Na espiritualidade predominam a disposição de serviço, a tolerância para com a crença (ou a descrença) alheia, a sabedoria de não transformar o diferente em divergente. A religião culpabiliza; a espiritualidade induz a aprender com o erro. A religião ameaça; a espiritualidade encoraja. A religião reforça o medo; a espiritualidade, a confiança. A religião traz respostas; a espiritualidade suscita perguntas. As religiões são causas de divisões e guerras; as espiritualidades, de aproximação e respeito. Na religião se crê; na espiritualidade se vivencia. A religião nutre o ego, pois uma se considera melhor que a outra. A espiritualidade transcende o ego e valoriza todas as religiões que promovem a vida e o bem (...)”.

É exatamente assim que me sinto com a minha escolha – escolha esta que todos têm o direito de fazer.
Sinto-me vivenciando minha espiritualidade em diversas situações do meu dia-a-dia, como quando acordo em um dia ensolarado e agradeço intensamente por essa dádiva divina (amo o sol). Igualmente, quando vou dormir agradecida por minha cama quentinha, mas comovida por quem não tem o mesmo.
Por outro lado, não vejo Cristianismo em quem deveria seguir “amar aos outros como a ti mesmo” e age com preconceito seja por cor, orientação sexual, religião, ou qualquer outra coisa.
Por ter escolhido a espiritualidade, não tento convencer ninguém de fazer o mesmo, pois acredito que cada indivíduo tem necessidades próprias e deve procurar supri-las da melhor maneira. Respeito e entendo os ateus, agnósticos e religiosos. Sendo assim, peço que também não tentem me convencer de nada e respeitem a minha escolha.



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