Hoje,
vou falar sobre um assunto muito simples para mim, mas que às vezes me deixa em
uma “saia justa”, por não ser entendido por outras pessoas: religião e
espiritualidade.
A
maioria das vezes em que eu resolvi ser honesta e dizer que não tenho religião
– até mesmo em entrevista de emprego (sim, ainda insistem em questionar isso em
entrevistas de emprego!), as pessoas me olharam como se eu fosse ateia e já
afirmaram até mesmo, sem me perguntar, que eu não era Cristã.
Algumas
vezes me olharam com pena, com misericórdia, como se estivessem pensando “ela é
jovem, ainda vai encontrar a luz!”, (risos).
Primeiramente,
vamos aos conceitos: ateu é aquele que não acredita em Deus, agnóstico é aquele
que alega impossibilidade de provar ou não a existência de Deus e Cristão é
simplesmente, aquele que acredita em Jesus Cristo e professa os ensinamentos
dele (e não o Catolicismo, como muitos pensam). Dessa forma, é possível não
seguir nenhuma religião e ser Cristão.
Além
disso, nunca é demais lembrar que: Jesus não era cristão, Buda não era budista
e Maomé não era muçulmano. Todos eram revolucionários e belos professores.
A
religião é um conjunto de crenças e rituais, que a princípio, foi criada para
servir como um meio de expressar a espiritualidade. Já a espiritualidade, é a
qualidade de ser espiritual, ou seja, acreditar e contemplar o mundo
espiritual.
Um
texto do Frei Beto explica bem as diferenças entre espiritualidade e religião,
e justifica bem a minha escolha pela espiritualidade:
“Em geral, a religião se apresenta
como um catálogo de regras, crenças e proibições, enquanto a espiritualidade é
livre e criativa. Na religião, predomina a voz exterior, da autoridade
religiosa. Na espiritualidade, a voz interior, o ‘toque’ divino.
A religião é uma instituição; a
espiritualidade, uma vivência. Na religião há disputa de poder, hierarquia,
excomunhões e acusações de heresia. Na espiritualidade predominam a disposição
de serviço, a tolerância para com a crença (ou a descrença) alheia, a sabedoria
de não transformar o diferente em divergente. A religião culpabiliza; a
espiritualidade induz a aprender com o erro. A religião ameaça; a
espiritualidade encoraja. A religião reforça o medo; a espiritualidade, a
confiança. A religião traz respostas; a espiritualidade suscita perguntas. As
religiões são causas de divisões e guerras; as espiritualidades, de aproximação
e respeito. Na religião se crê; na espiritualidade se vivencia. A religião
nutre o ego, pois uma se considera melhor que a outra. A espiritualidade
transcende o ego e valoriza todas as religiões que promovem a vida e o bem
(...)”.
É exatamente assim que me sinto com a minha escolha
– escolha esta que todos têm o direito de fazer.
Sinto-me vivenciando minha espiritualidade em
diversas situações do meu dia-a-dia, como quando acordo em um dia ensolarado e
agradeço intensamente por essa dádiva divina (amo o sol). Igualmente, quando
vou dormir agradecida por minha cama quentinha, mas comovida por quem não tem o
mesmo.
Por outro lado, não vejo Cristianismo em quem
deveria seguir “amar aos outros como a ti mesmo” e age com preconceito seja por
cor, orientação sexual, religião, ou qualquer outra coisa.
Por ter escolhido a espiritualidade, não tento
convencer ninguém de fazer o mesmo, pois acredito que cada indivíduo tem
necessidades próprias e deve procurar supri-las da melhor maneira. Respeito e
entendo os ateus, agnósticos e religiosos. Sendo assim, peço que também não tentem
me convencer de nada e respeitem a minha escolha.