segunda-feira, 29 de junho de 2015

Campanha "Eles Por Elas"

Nos últimos dias, surgiram diversos assuntos dos quais eu gostaria de escrever, mas acabei não tendo tempo. No entanto, não poderia deixar de falar primeiramente, sobre a parceria entre o canal GNT e a ONU Mulheres, que lançou a campanha "Eles Por Elas", a versão brasileira do "He For She", movimento mundial a favor da igualdade de gênero. 

Na última quarta-feira (24), foi realizado um evento em São Paulo, para dar início a campanha, que tem a meta de atingir 100 mil assinaturas de homens brasileiros até o fim do ano. Na "inauguração", os apresentadores Astrid Fontenelle e Marcelo Tas comandaram uma série de bate-papos sobre o assunto. 

O legal dessa iniciativa é a tentativa de mostrar a todos que, a luta por igualdade de gênero não é só das mulheres e não interessa apenas às mulheres, mas aos homens também. Quem fala muito bem sobre isso é a minha querida atriz Emma Watson (ela mesma, a Hermione do Harry Potter!), que vêm impressionando o mundo com sua sensibilidade, inteligência, sensatez e maturidade. Vale MUITO a pena assistir o discurso, que me deixou com lágrimas dos olhos, em que ela fala sobre a campanha e sobre a importância de trazer os homens para essa conversa também. Por favor, assistam aqui! É realmente muito esclarecedor. 




Então, homens - pais, filhos, maridos, namorados, irmãos, todos vocês: saibam que essa luta não é apenas pelas mulheres de suas vidas (o que já seria o suficiente para comover vocês), mas é também por vocês. Cada vez que o papel de pai é menosprezado em relação ao papel de mãe, cada vez que um jovem sofre por não conseguir demostrar seus sentimentos, ou é julgado ser "menos homem" quando chora, cada vez que um homem, para provar que é valente precisa ser agressivo, ele está sofrendo por não ter o benefício da igualdade. O que nós queremos para todo mundo é liberdade, apenas. Os lindos que se sensibilizarem devem assinar aqui. Caso tenham alguma dúvida, lembrem-se de se perguntar: "Se não eu, quem? Se não agora, quando?"

Enquanto isso, nos Estados Unidos, só para registrar mais uma atitude inspiradora, a diva Meryl Streep que, além de uma atriz talentosíssima é também uma grande defensora dos direitos das mulheres e da igualdade de gênero, na última terça-feira (23), enviou uma carta a cada membro do Congresso Americano, para lembrar que a Constituição do país ainda não inclui a emenda de direitos iguais para homens e mulheres. 

Vejam que lindas as palavras de Meryl: "Escrevo para fazer com que vocês voltem a sua atenção para a igualdade -- por suas filhas, mãe, irmãs, esposas ou a si mesmo, apoiando ativamente a Emenda (...) Uma nova geração de mulheres está falando sobre igualdade – igualdade de salário, igualdade de proteção contra abusos e igualdade de direitos – e estou escrevendo para pedir que vocês lutem por isto – pelas suas mães, filhas, irmãs, esposas, e por vocês mesmos -, apoiando a Emenda de Igualdade de Direitos”. É ou não é para morrer de amores pela recordista do Oscar?! 

Bom, o fato é que desde que eu comecei a me informar sobre o feminismo (palavra que assusta muita gente - a maioria que não faz ideia do seu real significado), não consigo ficar se quer um dia sem refletir sobre isso e pensar na importância da igualdade para o mundo. Lutar por igualdade deve ser um exercício diário. É o meu e deve ser o de todo mundo! 

"Se não eu, quem? Se não agora, quando?"  



quarta-feira, 17 de junho de 2015

A moda e a emancipação da mulher

Hoje, eu vim falar sobre um assunto que me interessa bastante e que a meu ver é pouco compreendido. Eu faço Pós-Graduação em moda e quase sempre que falo sobre isso sou encarada com um olhar de desprezo, por essa área ser vista como algo "fútil", por isso acho que a moda deve ser vista mais profundamente, para ser entendida como merece. 

Apesar de achar esse mundo fashion muito divertido, não é isso o que mais me encanta nessa história toda. Acredito que o que me faça ter "brilho nos olhos" por esse universo da moda, seja a forma como a história da sociedade pode ser contata por meio da história da moda (vestimenta).

Isso acontece de forma ainda mais expressiva em relação a mulher, porque existe uma associação histórica entre moda e feminilidade, ou seja, as mulheres são mais envolvidas com a moda do que os homens - o que as torna mais habilitadas para interpretar os "códigos" do vestuário (mas isso não nos interessa no momento), o que interessa é que a moda da mulher teve muito mais mudança ao longo dos anos do que a dos os homens - o que para mim se justifica não apenas por essa "histórica associação", mas também pelo histórico da mulher na sociedade, que passou por diversas mudanças, muito maiores do que as dos homens.

As mulheres sofrem discriminação em razão de seu gênero desde que o mundo é mundo e a moda sempre retratou essa situação. No final do século XIX, começo do século XX, por exemplo, a moda feminina era marcada por saias tão estreitas na barra que chegavam ao ponto de impedir passos maiores que cinco ou oito centímetros. 



No entanto, com a chegada da Primeira Guerra Mundial, surgiu a necessidade das mulheres encarem o trabalho, (sim, a maior participação da mulher fora do lar sempre esteve ligada ao afastamento do homem por motivo de guerras), nesse período, a moda tratou de se reinventar e liberar o corpo feminino do espartilho, que hoje em dia, a maioria de nós acha lindo, mas que seria completamente inviável para as atividades exigidas nas industrias, assim foram criadas roupas que permitiam movimento ao corpo feminino.



Todavia, após a Guerra, a moda se volta para um visual cheio de feminilidade, convidando a mulher à retornar ao lar e dar espaço novamente aos homens, já que o trabalho feminino sempre recebeu remuneração inferior ao do homem, o que era uma ameaça à eles. 

Depois da Segunda Guerra Mundial então, as saias volumosas e cintura marcada de Christian Dior exemplificam bem esse comportamento e marcaram época com muito luxo.



Mas, a partir dos anos 60 as mulheres foram ganhando mais força e a moda é claro, refletindo tudo isso, o que muitos lamentam até hoje, pois foi por meados nessa década que as saias chegaram à altura das coxas pela primeira vez (adoro!). 



Agora, chegou no ponto que dá o que falar hoje em dia, pois muitos acreditam que esse tipo de vestimenta feminina diz muito sobre o caráter da mulher (no mau sentido), mas que para mim é uma vitória das mulheres. Ao contrário do que o pensamento conservador prega, eu acredito que usar roupa curta ou decotão é um direito da mulher e que ao contrário do que os homens machistas pensam, elas geralmente não estão usando essas roupas pensando em vocês, porque acreditem, as mulheres não pensam apenas em homens, aliás, vêm aí uma notícia inédita: as mulheres pensam! hahaha! 




Voltando ao assunto... A sexualidade feminina sempre foi reprimida, todo mundo sabe que mulher de valor antigamente tinha casar virgem e os anos 70 foram marcados pela revolução sexual, foi quando pela primeira vez, as revistas femininas publicaram os nomes dos órgãos sexuais femininos (aleluia, irmão!). Para acompanhar, as roupas estavam mais desestruturadas do que nunca e uso de calça por mulher estava super em alta. 




Nos anos 80, depois de anos e anos de luta, com um forte apoio do Movimento Feminista, as mulheres finalmente conseguiram um espaço mais significativo no mercado de trabalho. A moda unissex, por sua vez, foi sendo consolidada: calça, blazers, jaquetas e smokings faziam parte do guarda-roupa feminino, além de claro, uma libertação geral, ou seja, toda aquela irreverência que marcou essa década. 






Deu para perceber? Se olhada mais profundamente, não é difícil perceber que a moda foi  um meio de resistência às fronteiras de gênero e se pensarmos na sociedade como um todo, a moda também funciona como um meio de busca por liberdade e igualdade. 

O jeans, por exemplo, não é a vestimenta mais confortável, mas é uma forma de celebração diária de igualdade e despolitização de forma geral, talvez esteja aí a resposta do sucesso dessa peça. 

Por fim, só quero dizer que roupas não são apenas roupas, mas as pessoas têm o direito de usar as roupas que quiserem e isso não dá direito à ninguém de fazer o que bem quiser. 

Em um próximo post pretendo falar mais sobre essa confusão em relação a liberdade da mulher de poder escolher suas roupas e a não liberdade dos outros de se sentirem no direito fazerem o que quiserem em razão delas. 

Por hoje é só! :)




            






segunda-feira, 8 de junho de 2015

O Machismo de todo dia!

Ainda não são nem 11h da manhã de uma segunda-feira e já me deparei com duas manifestações de machismo. 

A primeira foi um texto compartilhado por uma amiga no facebook, que estava impressionada com o seu conteúdo, o título já sugere o susto: “8 comportamentos que tiram o valor de uma mulher”. 

Na lista, o autor diz que mulheres não devem usar decotes e roupas curtas, não devem frequentar casas de homens, nem mesmo serem vistas rodeadas de homens. Mulheres não devem falar palavrão, devem ser discretas e não espalhafatosas. Mulheres de valor não aceitam ser “usadas” por uma noite e não se “entregam” logo de cara, pois podem ficar mal faladas e por fim, não devem viver em festas, baladas e promiscuidade. 

Depois, uma colega de trabalho que se diz preocupada com os direitos femininos, mas ao mesmo tempo se diz conservadora - o que para mim não faz muito sentido, disse acreditar que a exposição do corpo feminino incentiva o assédio praticado pelos homens e que o comportamento deles na balada, no sentido de se achar no direito de agarrar uma mulher, é fruto não apenas da nossa cultura machista, mas também da busca das mulheres pela “liberdade sexual” – que fez com que elas acabassem por se escravizar ainda mais por tornar seus corpos públicos, fazendo com que o homem se sinta ainda mais no direito de usufruir daquilo, já que é público. 

O interessante é que o corpo feminino é visto como uma espécie de pecado desde a antiguidade, quando a condição bíblica de Adão e Eva, por exemplo, culpava Eva pela queda do homem, pois ela é vista como a “instigadora do mal”

Essa ideia de que o homem não consegue se controlar está tão banalizada que as pessoas não pensam a respeito. Nós somos seres humanos, temos cérebros e agimos de acordo com ele. Os homem podem sim se controlar e só não o fazem, porque a nossa cultura aceita esse comportamento da parte deles. Não é porque uma mulher usa uma roupa curta ou um decote, que suas pernas tornam-se públicas, isso é um equivoco perpetuado pela cultura machista. O corpo da mulher é só dela, NÃO é público, NÃO é de quem quiser e ela faz com ele o que ela bem entender, como já dizia Leila Diniz “Eu posso dar para todo mundo, mas não dou para qualquer um”, a mulher pode usar uma roupa curta e não beijar, nem fazer sexo com ninguém, essa é uma escolha somente dela e isso tem que ser repeitado.

Nesse sentido, estão incluídos todos os comportamentos citados como errados pelo autor do primeiro texto. Para verificar o machismo, basta trocar o gênero feminino pelo masculino, então todos os comportamentos seriam aceitos e até mesmo valorizados, se esses fossem praticados por homens. Isso é machismo! 

Chega de pensamentos antiquados e preconceituosos. As mulheres são livres, isso inclui poder chamar um homem para a cama, escolher o pai de seus filhos, escolher se quer casar ou não e até mesmo escolher casar virgem e ser mulher de um homem só, se assim quiser. 

Como eu sempre digo “o machismo é uma luta diária”, mesmo! 

Depois disso, vai aí uma homenagem à linda Leila Diniz: "Sobre minha vida, meu modo de viver, não faço o menor segredo. Sou uma moça livre".