Faz
tempo que eu estou “ensaiando” para escrever novamente aqui. Assuntos
interessantes que me fazem refletir diariamente não faltam, mas aquela minha auto-censura
irritante tem me impedido.
No
entanto, ontem aconteceu algo que me deixou sem palavras – o que para uma
jornalista, na verdade rende muitas palavras.
O
ocorrido foi com uma colega de profissão que não trabalha, mas recentemente
conquistou um diploma de jornalista. A moça é casada, mãe de três filhos e está
à espera do quarto, no caso, da quarta, a tão esperada garotinha.
Apesar
de a moça ter se formado na mesma faculdade que eu, eu nunca a vi pessoalmente,
acredito que ela tenha trancado o curso diversas vezes e voltado quando eu já
estava formada. Sendo assim, ela concluiu o último ano do curso com meus
calouros. Mas, não! Eu não a conheço por meio deles, mas sim por seu marido,
que trabalha comigo. Na verdade, conheço indiretamente, pois nunca fomos apresentadas.
Ok,
vamos ao ponto!
Eis
que um belo dia, eu estava no meu feed de notícias do Facebook, o que acontece
diversas vezes durante o dia, já que trabalho com redes sociais e, vejo uma
foto da moça com um calouro meu, que não tenho contato, mas está entre meus “amigos”
do Facebook. Então penso “olha, é a mulher do cara que trabalha comigo, deixa
eu ver isso melhor” e leio os comentários felizes falando sobre sua
aparentemente recém descoberta gravidez, “viva!”.
No
dia seguinte fui ao trabalho, o marido da moça não estava lá e eu perguntei ao
meu chefe se o nosso colega iria ser pai novamente. Para a minha surpresa, meu
chefe disse que não estava sabendo de nada, que se fosse ele teria contado para
nós, então eu pensei e disse “deve ser apenas uma brincadeira de Internet”.
Depois
de aproximadamente duas semanas, em um sábado, esse colega de trabalho postou
uma foto do ultrassom da mulher dizendo estar feliz, pois finalmente iria ganhar
uma garotinha. Eu parabenizei e em uma conversa com o pessoal do trabalho,
também no facebook, disse “viu chefe, eu falei que tinha visto uma
conversa da moça”.
Depois,
vou trabalhar na segunda-feira e sou surpreendida com uma mensagem em inbox da
tal moça indignada. Ela dizia para eu não me envolver nos assuntos da família
dela, pois minha amizade com o seu marido devia ser apenas profissional e por
isso eu não tinha o direito de me envolver
na sua gravidez. A moça argumentou que o marido estava esperando o momento
certo para contar aos amigos (que depois fiquei sabendo que era saber o sexo do
bebê) e eu não tinha o direito de
falar antes, pois essa atitude foi desnecessária, tanto quanto a de quem veio
me contar sobre a gravidez da moça.
Além
disso, ela me bloqueou e eu não posso responder a tal mensagem. Então, falei
com meu colega de trabalho sobre o assunto. Ele demonstrou vergonha pela
atitude da esposa e só disse para eu não “esquentar com isso”, pois ele tinha
falado que ela não tinha que falar sobre a gravidez em redes sociais.
Ufa!
Acabou a história! Agora, vamos às considerações?
Certamente
o meu colega de trabalho ficou chateado pelo chefe pensar que ele não havia
contado nada sobre a nova filha, sendo que sua mulher estava cantando aos sete
ventos sobre a gravidez. A moça irritada com o marido que não gostou de sua
atitude, que para ele era desnecessária,
resolveu culpar uma terceira pessoa e não dar a ela o direito de resposta, porque no fundo não queria ouvir a verdade.
Moça,
para começar, ninguém me contou nada não, eu mesma vi, porque você tornou sua
gravidez pública a partir do momento em que falou sobre ela no mural do seu
amigo, em uma rede social. Pois é, tenho que te informar que infelizmente
as redes sociais são espaços públicos, bem vinda à realidade!
Além
disso, sinto lhe dizer que eu não sabia que seu marido estava esperando “o
momento certo”, até porque eu não sou uma feiticeira, nem bruxa, nem nada do
tipo, infelizmente. E ainda, venho lhe informar que, moça, sua gravidez não é
tão importante assim para ninguém além de sua família, ninguém lá no trabalho
ligou muito por não ter ficado sabendo antes, pode ficar tranquila!
Mas,
o que me deixa triste nessa história é que essa moça tem Ensino Superior, então
dá para perceber como está a educação no nosso País né?
No
entanto, o que me deixa mais triste ainda, é que essa moça vai criar quatro
filhos. O que ela vai ensinar a eles? Seguirem seu exemplo de imaturidade? Colocar
a culpa dos acontecimentos indesejados em terceiros? Se esconder? Ser covarde?
Falar o que quer, sem checar as informações e não dar ao próximo o direito de resposta?
Infelizmente
o mundo está cheio de pessoas assim e o pior é que essas pessoas adoram ter
filhos.