quarta-feira, 27 de maio de 2015

Desabafo: pessoas pequenas

Faz tempo que eu estou “ensaiando” para escrever novamente aqui. Assuntos interessantes que me fazem refletir diariamente não faltam, mas aquela minha auto-censura irritante tem me impedido.

No entanto, ontem aconteceu algo que me deixou sem palavras – o que para uma jornalista, na verdade rende muitas palavras.

O ocorrido foi com uma colega de profissão que não trabalha, mas recentemente conquistou um diploma de jornalista. A moça é casada, mãe de três filhos e está à espera do quarto, no caso, da quarta, a tão esperada garotinha.

Apesar de a moça ter se formado na mesma faculdade que eu, eu nunca a vi pessoalmente, acredito que ela tenha trancado o curso diversas vezes e voltado quando eu já estava formada. Sendo assim, ela concluiu o último ano do curso com meus calouros. Mas, não! Eu não a conheço por meio deles, mas sim por seu marido, que trabalha comigo. Na verdade, conheço indiretamente, pois nunca fomos apresentadas.

Ok, vamos ao ponto!
Eis que um belo dia, eu estava no meu feed de notícias do Facebook, o que acontece diversas vezes durante o dia, já que trabalho com redes sociais e, vejo uma foto da moça com um calouro meu, que não tenho contato, mas está entre meus “amigos” do Facebook. Então penso “olha, é a mulher do cara que trabalha comigo, deixa eu ver isso melhor” e leio os comentários felizes falando sobre sua aparentemente recém descoberta gravidez, “viva!”.

No dia seguinte fui ao trabalho, o marido da moça não estava lá e eu perguntei ao meu chefe se o nosso colega iria ser pai novamente. Para a minha surpresa, meu chefe disse que não estava sabendo de nada, que se fosse ele teria contado para nós, então eu pensei e disse “deve ser apenas uma brincadeira de Internet”.

Depois de aproximadamente duas semanas, em um sábado, esse colega de trabalho postou uma foto do ultrassom da mulher dizendo estar feliz, pois finalmente iria ganhar uma garotinha. Eu parabenizei e em uma conversa com o pessoal do trabalho, também no facebook, disse “viu chefe, eu falei que tinha visto uma conversa da moça”.

Depois, vou trabalhar na segunda-feira e sou surpreendida com uma mensagem em inbox da tal moça indignada. Ela dizia para eu não me envolver nos assuntos da família dela, pois minha amizade com o seu marido devia ser apenas profissional e por isso eu não tinha o direito de me envolver na sua gravidez. A moça argumentou que o marido estava esperando o momento certo para contar aos amigos (que depois fiquei sabendo que era saber o sexo do bebê) e eu não tinha o direito de falar antes, pois essa atitude foi desnecessária, tanto quanto a de quem veio me contar sobre a gravidez da moça.

Além disso, ela me bloqueou e eu não posso responder a tal mensagem. Então, falei com meu colega de trabalho sobre o assunto. Ele demonstrou vergonha pela atitude da esposa e só disse para eu não “esquentar com isso”, pois ele tinha falado que ela não tinha que falar sobre a gravidez em redes sociais.

Ufa! Acabou a história! Agora, vamos às considerações?

Certamente o meu colega de trabalho ficou chateado pelo chefe pensar que ele não havia contado nada sobre a nova filha, sendo que sua mulher estava cantando aos sete ventos sobre a gravidez. A moça irritada com o marido que não gostou de sua atitude, que para ele era desnecessária, resolveu culpar uma terceira pessoa e não dar a ela o direito de resposta, porque no fundo não queria ouvir a verdade.

Moça, para começar, ninguém me contou nada não, eu mesma vi, porque você tornou sua gravidez pública a partir do momento em que falou sobre ela no mural do seu amigo, em uma rede social. Pois é, tenho que te informar que infelizmente as redes sociais são espaços públicos, bem vinda à realidade!

Além disso, sinto lhe dizer que eu não sabia que seu marido estava esperando “o momento certo”, até porque eu não sou uma feiticeira, nem bruxa, nem nada do tipo, infelizmente. E ainda, venho lhe informar que, moça, sua gravidez não é tão importante assim para ninguém além de sua família, ninguém lá no trabalho ligou muito por não ter ficado sabendo antes, pode ficar tranquila!

Mas, o que me deixa triste nessa história é que essa moça tem Ensino Superior, então dá para perceber como está a educação no nosso País né?

No entanto, o que me deixa mais triste ainda, é que essa moça vai criar quatro filhos. O que ela vai ensinar a eles? Seguirem seu exemplo de imaturidade? Colocar a culpa dos acontecimentos indesejados em terceiros? Se esconder? Ser covarde? Falar o que quer, sem checar as informações e não dar ao próximo o direito de resposta?


Infelizmente o mundo está cheio de pessoas assim e o pior é que essas pessoas adoram ter filhos.